terça-feira, 29 de setembro de 2009

O trabalho na Eja

Com certeza, neste semestre minhas maiores expectativas se encontram além da área da Linguagem, uma paixão antiga e da Didática que contempla toda a questão do trabalho pedagógico, das intervenções e da avaliação, na interdisciplina de Eja.
Ao trabalharmos com a Educação de Jovens e Adultos nos deparamos com questões muito fundamentais de todo o trabalho de educador, nos questionamos e nos conflitamos muito. Há nos dias atuais um grande número de jovens, nesta modalidade, ou melhor, adolescentes. Desta forma, o trabalho torna-se completamente diferente, os anseios destes alunos, o objetivo principal do programa, a atenção diferenciada torna-se ainda mais necessária. Trabalho há seis anos com esta modalidade e neste tempo já percebi este avanço no número de adolescentes e me questiono muito porque estão lá, porque deixaram o ensino regular? Por que o processo de escolarização excluiu estes alunos fazendo com que agora optem por acelerar os estudos em uma modalidade mais compacta? Acredito que não estejam lá por quererem de fato apressar a conclusão do ensino fundamental e sim por buscarem uma escola diferente, um fazer novo, dentro do prédio onde já cursaram e não se adaptaram.
A visão desta política reparadora pelos alunos, muitas vezes é vista como mais democrática, mais justa. Na escola mesmo onde leciono, muitos alunos torcem para completar 15 anos e transferirem-se para a Eja, justificando que é bem melhor. Mais fácil? Muitos elogiam o fato de terem mais autonomia, a retenção, por exemplo, é por disciplina, a avaliação é por parecer e conceitos, os alunos tem momentos de conselho participativo, sem contar que há um empenho maior por parte dos professores de que permaneçam na escola.
Mas as dificuldades começam por aí, pois nem sempre os próprios colegas têm claro o papel da Educação de Jovens e Adultos, tornando nossas salas de aula, muitas vezes um acúmulo de adolescentes indisciplinados do ensino regular. Há muitos professores que esperam ansiosamente que seus alunos completem a idade para serem convidados a freqüentar o noturno. Com a implementação da Eja, pretende-se “limpar” o ensino regular, permanecendo lá só os alunos “bonzinhos”, os “maus” são aconselhados a tentarem a Eja.
Aí, dar conta no mesmo espaço destes adolescentes, dos adultos e dos bem mais adultos, fica bem complicado, acontecendo algumas vezes, de os mais velhos acabarem sentindo-se excluídos e desistindo. Por isso que pensar neste tempo e espaço da educação destes jovens, pensar numa alfabetização crítica, numa educação de “empoderamento” social, me desafia e instiga.

domingo, 6 de setembro de 2009

2009/2 ... Mais um semestre de construções

Iniciamos mais alguns passos guiados para uma estrada que sempre nos dá mais alternativas na busca da excelência de nosso trabalho como educadoras. O PEAD não é apenas um curso de estudo, de reflexões. A cada novo semestre, novas ações são incorporadas em nossas salas de aula. As interdisciplinas de EJA, Didática, Linguagem, Libras e Seminário (Trabalho com PAs) iniciaram trazendo nosso cotidiano de sala de aula. A sistematização do ensinar sempre ronda nossos planejamentos, assim como a construção e expressão de várias formas de linguagem, nossa comunicação com o outro, que agora requer também a comunicação que contemple a necessidade dos não ouvintes. Agregar tudo isso a um plano que continue transformando nosso currículo sob a forma de grandes ou pequenos projetos de aprendizagem, conduzidos por assuntos que verdadeiramente nos interessem, nos façam refletir, pesquisar, desconstruir antigas certezas. Práticas efetivas se pensarmos em sujeitos que estão retomando sua escolarização, que de uma certa forma, são vítimas de uma exclusão ao processo que tinham direito, agora buscam uma reparação. Chegam em nossas salas de aula para uma modalidade que perceba estas diferenças, a EJA não pode seguir modelos pré-estabelecidos. A diversidade, os objetivos e a finalidade do que será construído neste espaço e tempo deve ser efetivo, significativo e buscar uma relação de parceria entre os envolvidos.