terça-feira, 23 de novembro de 2010

Inclusão!!!!

Como postei em minha última reflexão, estou em processo de construção de uma Proposta Político Pedagógica, exigindo-me tomada de posições em alguns aspectos bem relevantes dentro da concepção que tenho de escola, de aprendizagem entre outras. Especificamente, busquei materiais que me foram disponibilizados e tiveram em mim um efeito de desacomodação que avalio como produtivo, como os apresentados na Interdisciplina de Educação de PNEE. Pois é, um dos assuntos mais polêmicos envolveu essa questão, e eu como redatora desse processo, preciso além disso, mediar essas reflexões e a “luz da lei“ ter uma efetiva opinião e postura que contemple a escola como um todo. Quando se fala em diferenças, em incluir, vem a tona questões bem pessoais, conceitos e preconceitos muito marcados e certas vezes injustificados, tornando a discussão um tanto superficial e de difícil consenso. Exemplificando, há professores que não compreendem o seu papel enquanto mediadores desse processo inclusivo, não percebem que uma escola para todos, deve obrigatoriamente prever e ser para esses todos independentemente do “resultado final”, não encaram o caráter social e humano dessa abertura, não compreendem o apoio da escola numa visão ampla de cidadania destes cidadãos que tem direito a várias esferas de atendimento para seu pleno desenvolvimento (dentro de suas necessidades) e que a escola faz parte sim desse direito. A justificativa sempre é a mesma, falta de formação, ou excesso de alunos para dar conta de mais um “problema”. Sem dúvida lutar por direitos que contemplem maior formação, garantia de um apoio para um trabalho de qualidade é nosso direito e do aluno também, mas isso não fecha a porta para o acesso. Muito dessa visão que tenho hoje foi compartilhada com os exemplos de colegas do Pead que trabalham com
diferenças e necessidades de todas as espécies, e isso aliado ao conhecimento legal e à uma visão educacional contemporânea que vê a aprendizagem com possibilidades, como uma construção coletiva. Costumo dizer que uma turma que convive com a inclusão terá cidadãos muito menos preconceituosos, mais solidários com seus semelhantes, mais justos, pois convivem com necessidades diferentes das suas e isso nos faz refletir, crescer junto com o outro.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Exercício docente

Hoje, particularmente, me vejo num momento importante para postar algo referente a este tema, pois coincidentemente, pela manhã participei de uma reunião para construção da proposta pedagógica da escola infantil em que estou na direção. Pela primeira vez participo de um processo de construção de PPP sendo gestora.Isso, de certa forma, me completa e me desafia, pois sou ciente de meu papel de educadora, indiferente da posição que esteja exercendo, mesmo como mãe, não consigo desvincular-me da professora, quando analiso, por exemplo, a vida escolar de minha filha. Não sei se advogados, médicos, vendedores, cabeleireiros, e outros profissionais também, tem essa dificuldade de distanciar-se da profissão. Bem, o fato é que ao refletirmos coletivamente sobre concepções importantes que nortearão nossa prática pedagógica, (ou pelo menos servirão de referência) pelos próximos dois anos, as falas, me fazem perceber as concepções bem pessoais do que é ser professor, da profissão ao "sacerdócio". Como qualquer outro papel na sociedade temos nossa caminhada cheia de direitos e deveres. Levanto a bandeira da nossa valorização, mas não deixo de refletir sobre a desvalorização desencadeada pelos próprios professores, quando não se valorizam ao desvalorizarem suas práticas e suas lutas. Precisamos, sem dúvida, de uma valorização que passe pela remuneração, mas definitivamente não é só isso. Ou pelo menos, a buscamos com objetivos de formação, de aprimoramento da nossa prática. Queremos sim, uma carga horária que nos possibilite formação, planejamento, acesso à lazer, à cultura, e outras necessidades vitais a um educador. me entristecem queixas vazias, de profissionais "transitórios' da educação. Há pessoas que parecem estar de passagem, como o ofício de edcuador, fosse uma espécie de "bico", lhe faltam forças para lutar, para argumentar, para educar cidadãos que farão com cereteza a diferença na nossa sociedade.

domingo, 10 de outubro de 2010

Espaços de aprendizagem

A principal inovação que a interdisciplina de Ciências, que cursamos em 2008, me possibilitou,foi a questão dos espaços de aprendizagem. Ora, parece óbvio, mas incorporei só a partir daquele período o ensino aprendizagem de Ciências, também e muito, ao ar livre. O espaço natural como objeto de pesquisa. Foi durante as reflexões e motivação a ações que pudemos estabelecer em nossas turmas conceitos importantes e principalmente quebrar paradigmas e estereótipos naturais. Lendo minha postagem com evidência do trabalho com alunos que vi como o Pead, além de ações e reflexões profundas nos levou a descobertas simples, como uma aula de conhecimento e relações com as árvores do pátio da escola. Não é so de grandes movimentos que nossas aprendizagens se concretizaram, movimentos de desacomodação simples mostraram que educar é um movimento constante em busca do que até parecia óbvio e muitas de nós não exercitávamos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Atos políticos

Período eleitoral, me parece momento apropriado para levantar tais questões. Segundo o conceito Política denomina arte ou ciência da organização, direção e administração. Ora, então nossos atos adminsitrativos, organizacionais são sim atos políticos, e como tal, somos sujeitos políticos. Políticos de atuação, quando gerenciamos nossa casa, nossa profissão, ao tomarmos atitudes de mediação na sala de aula, nos grupos sociais como um todo dos quais participamos. Por que refiro-me a isso? Com certeza, em época eleitoral ouvimos muito de pessoas que os cercam que odeiam politica, não querem se envolver, e só votam porque é obrigatório.
A politica confundiu-se com atos políticos amorais, corruptos e que fizeram cair no senso comum que tudo que envolve o processo democrático em nosso país é envolto em sujeira. Não quero aqui levantar bandeiras, sabemos todos que já estamos calejados de escândalos envolvendo pessoas públicas, nossos representantes eleitos que no poder só agem em causa própria, e em muitas vezes ilegalemente. Quero apenas sublinhar a relação que a educação tem como o ato político em si, no fato de ser reflexivo, de se buscar o posicionamento, o conhecimento de questões que envolvem o viver em sociedade, baseado em regras, em sanções, em hierarquias, em democracia!
Democracia é escolha de maioria, é respeito à diversidade, é inclusão, é discussão e defesa de seus pontos de vista, é se colocar frente aos grupos e defender o que pensa ser correto, é ter ética, é saber ouvir e poder falar.
Minha postagem específica em 2008 trazia as questões democráticas na escola, e hoje, ratifico que apesar de necessária, mais ainda, fundamental, ela é sim trabalhosa! Não é a toa que ainda há regimes tiranos e autoritários, a base do pode e não pode de acordo com as minorias.
Penso que é na escola que devemos seduzir nossos alunos, no sentido de transmitir e encantá-los com as possibilidades que uma sociedade democrática tem. A escolha implica em empoderamento, em responsabilização, ela é diretio e dever! Nós, em nossas salas de aula estamos prontas para desenvolver um trabalho desse tipo? Nossas concepções estão de acordo com estes princípios de igualdade, inclusão e novos paradigmas na sociedade ou estamos apenas reproduzindo modelos?
É preciso pensar!!!!

Sonhar... o primeiro passo para realizar

Voltar ao blog no período de 2007, não deixa de ser uma terapia para nos dar mais gás para esse término de curso. A postagem sobre Sonhos,foi perfeita e inspiradora. Deparei-me com ricas reflexões das colegas que manifestaram sua opinião sobre a importância de um ideal em nossas vidas. Hoje nosso sonho é quase real... Daqui a poucos meses seremos pedagogas, é um momento! Uma efetiva comemoração a nossa colação de grau, porém penso que o caminho percorrido foi o de mais belo e mais gratificante. Não teria significado nenhum, se não tivéssemos percorrido esses nove semestres, pensando e agindo em torno de algo muito grande que é a educação. Nossa formação se dá no campo da pesquisa, da ação, da reflexão, mas o melhor de tudo é que agimos na perspectiva de uma mudança, de uma melhor sociedade para todaos nós, pautada no conhecimento, na construção ética de uma coletividade mais justa!
Somos nós os pilares, somos nós que mediamos esses saberes. fomos nós que aprendemos muito!
Perto do dia das crianças, nada mais providencial que citar uma postagem da interdisciplina de Ludicidade, onde voltamos nosso olhar para o jogo, para o imaginário, para a construção do eu através das representações, do sonho, do desejo.

Encerro esta postagem da mesma forma que a que faço referência e digo que nesse momento ela tem muito mais peso, muito mais forma!
"Um bom sonho a todas! Que possamos juntos fazer do caminho em busca da realização deste nosso sonho coletivo, um caminho solidário partilhando o aprender......."

domingo, 19 de setembro de 2010

Análise postagens semestres iniciais I

Busquei minhas postagens iniciais do blog em meu portfólio de aprendizagens e percebi a preocupação em evidenciar uma prática com meus alunos que tivera sido significativa para mim enquanto aluna e que identifiquei se relevante para ser multiplicada com meus alunos. É uma atividade de expressão corporal que fora bem aceita no grupo, e para minha turma não foi diferente, os alunos envolveram-se positivamente. Essa realmente é um atividade que merece ser destacada, pois antes do Pead uma das minhas maiores dificuldades era trabalhar essas questões de corporeidade, da expressão corporal, de ritmos, toques, a integração como um todo.
Foi durante a Interdisciplina de Teatro que percebi não tratar-se só de dramatizações, pequenas peças de teatro. Vi que as possibilidades iniciam no trabalho com o corpo, na maneira de se colocar, de se expressar, de trabalhar a oralidade, a integração com o grupo, e isso é trabalho para iniciar cedo. Vejo que quando os alunos chegam nas séries finais, muitas vezes lhes é cobrado uma postura de apresentação, de saber se colocar, opinar, ou seja, vencer a timidez, e a falta de prática de encarar um grupo. Depois, logo vem a procura de estágio, de emprego, onde essas exigências fazem parte, muitas entrevistas desse tipo, vem acompanhadas de técnicas, como essas e nossos alunos não foram trabalhados, desde as séries iniciais nesse sentido. Muito pelo contrário, a escola na maioria das vezes, freia essas atitudes.
Desenvolvendo práticas baseadas na expressão, em técnicas de apresentação, dramatização, defesa de idéias, discussões, seminários, estaremos capacitando nossos alunos para uma maior inserção na sociedade.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Primeiras considerações

Os livros de alfabetização atuais são muito distantes das velhas conhecidas cartilhas, antigos manuais com receitas prontas para ensinar a ler e escrever. Estas publicações vinham carregadas de exercícios repetitivos que visavam a aprendizagem pela repetição. As sequências didáticas iguais em todas as lições, não possibilitavam grandes inovações, tornando o trabalho com este guia enfadonho. De forma mecânica, apresentava tarefas de decodificação, acreditando estar criando sujeitos alfabetizados. Aos poucos foi abandonado pelos educadores que não partilhavam daquela metodologia. Com o avanço de práticas construtivistas, o mercado se viu impulsionado a criar didáticas a este fim, surgindo então livros de alfabetização com propostas mais interativas, com princípios construtivistas, estas novas publicações traziam variedade de gêneros e tipos de texto, focando em um trabalho da escrita como uma forma de inclusão e interação social. A nova “cartilha” se caracteriza por criar um
contexto em sala de aula mais democrático, onde o aluno além de ter mais autonomia, interage constantemente com o grupo.
Os exercícios passam a ser caminhos para que os alunos confirmem suas hipóteses de escrita e avancem no processo. Essa mediação proposta nos livros deve ser realizada pelo educador.

domingo, 29 de agosto de 2010

TCC

Ao iniciar mais um semestre (o último) do curso de Pedagogia EAD UFRGS, torna-se necessário, de uma forma mais evidente, rever a caminhada. Desta vez, após a prática de estágio, fazer uma busca reflexiva, de temas relacionados ao fazer em sala de aula e que ficaram salientes neste período. As interdisciplinas, as leituras, as trocas com os pares foram extremamente ricas e servirão de base para o estudo em meu Trabalho de Conclusão de Curso. Durante esses quatro anos tivemos a oportunidade de pensar em educação com a amplitude e conhecimento de educadoras, fomos intrumentalizadas e motivadas a quebrar alguns paradigmas, abandonarmos preconceitos. Como professora de séries iniciais, apaixonada pela alfabetização, encantada com as possibilidades durante o processo construtivo de leitura e escrita, busquei sempre variadas fontes de pesquisa, estudos sobre esse processo, leitura de artigos, presença em palestras. E aprendi que métodos e técnicas das mais variadas possíveis só terão sucesso com um educador disposto a utilizar-se do que tem e ampliar as possibilidades. A postura democrática e flexível de uma professor que busca atender a todos, que possiblita as mais variadas formas de ensinar e aprender, que reformula constantemente suas práticas.
Assim, o uso do livro didático já foi assunto de inúmeras discussões, com o avanço do PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) a cada escolha novas opções analisadas nos fazem refletir sobre essa política pública e o próprio uso na sala de aula. Autores consagrados por suas pesquisas, são hoje organizadores de obras que buscam a máxima "unir a teoria com a prática"
Aqui neste espaço, irei socializar leituras e caminhos escolhidos para conhecer um pouco mais deste assunto, confirmar algumas hipóteses, assim como descobrir novos caminhos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Reflexões "peadianas"

Esta semana foi bastante curta, e não posso deixar de registrar que a sensação de fim está começando, e esse fim me faz voltar lá no meu plano inicial enquanto estagiária e me fazer questionamentos em cima dos objetivos que me lancei. Meus objetivos enquanto professora realizando uma prática de estágio. Nosso curso diferente de muitos sempre foi focado na prática visto que todas já estávamos atuando com uma formação básica, mas todas com experiência de sala de aula. Então não foi só agora neste eixo que praticamos, reformulamos, resignificamos nossa atuação docente, isso foi um crescente. Hoje estamos registrando todas as nossas ações e procurando evidências “peadianas” talvez seja essa a maior diferença.

Quando escrevi em meu projeto de estágio: “A proposta é de desenvolver um trabalho focado na construção coletiva, na descoberta, no prazer do saber e do ensinar, levando meus alunos a uma construção significativa, em que realmente se sintam motivados a tentar, persistir e superar possíveis obstáculos.”

Vi que não fui utópica, embora a educação necessite de uma boa dose de utopia, que está sendo possível, diria até facilmente possível dividir esse sabor de aprender com meus alunos, e para isso não desenvolvi práticas mirabolantes, nem uso de tecnologias, como o computador pude utilizar-me. E mesmo assim estou conseguindo ampliar o horizonte deles e os meus, mostrar-me surpresa e contente com os seus relatos. E isso prova que material humano e vontade é capaz de mexer com a realidade e ajudar a transformá-la. Muitas vezes caímos em queixas e mais queixas, a de que ganhamos pouco, que trabalhamos muito, que a escola está tendo que ocupar outras funções, que os professores estão tendo carga dobrada, que os alunos estão sem limites, que ... que... queixas, queixas.

Deixamos de ver o quanto podemos num trabalho direcionado ao vamos fazer juntos, vai dar certo, o que de mais importante podemos fazer, apontar alguns caminhos. Durante meu simples projeto de trilhar com eles esse caminho de leitura e escrita, passando a perceber que o mundo letrado é enorme e cheio de possibilidades e quem escreve essas possibilidades são eles mesmos, estão sendo conscientizados e instrumentalizados para ir adiante em suas construções.

Ciente das palavras de Freire (1987 p.79 ) “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." Não sou eu que darei receitas, passarei todas as informações, mostrarei o conhecimento que já foi descoberto, mas estão sendo capacitados a se informarem, a informarem os outros. Está sendo oportunizado mais do que formação a cidadãos, mas como fala Gramsci citado por Xavier (2000 p. 7) quando defende a possibilidade de estarmos formando futuros governantes, capazes de apresentar propostas para modificar a realidade e defendê-las consistentemente.



Referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1987.

XAVIER, Maria Luísa M. DALLA ZEN, Maria Isabel. (orgs.) Planejamento em destaque- Análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2003.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Leitura

Uma das questões que voltei a pensar durante esta semana, é um dos tópicos que anos me passou despercebido. Foi então em trocas com colegas em um dos fóruns proporcionados pelo Pead, que me chamaram a atenção para o fato de que em sala de aula contemplamos muito pouco a leitura. Enquanto a escrita não falta a aula um dia sequer, a leitura muitas vezes é coadjuvante, claro que o ler é um constante, durante a apropriação das tarefas, nos enunciados, mas cito aqui a leitura como um momento propício de acesso às informações, possibilidade de interação diversificada, um espaço para o ler para o outro, a troca, a socilaização, e como diria Freire, realizando uma leitura de mundo, pois esta precede a palavra. Dessa forma, ler imagens, ler situações, ler livros, ler encartes, ler revistas, ler o que o outro escreveu, ler o que eu escrevi para o outro deveria ser rotina diária de qualquer sala de aula.

A partir desta tomada de consciência procurei inicialmente buscar em minha prática situações de leitura e incorporar ainda mais dentro dos meus objetivos. Ao rever minha rotina em sala de aula, identifiquei muitos momentos de leitura dirigida e praticamente nenhum de leitura livre. Era comum entre meus alunos quando acabavam determinada atividade pedirem para desenhar ou jogar, então iniciei a oferta de material para ler, que não se resumia a livrinhos, tinha sempre outros portadores, como o jornal, encartes, revistas, panfletos e outros. Até que destinei períodos de leitura individuais e posteriormente coletivos onde podiam ler algo que fosse significativo e quisessem dividir com a turma. A aceitação foi grande, esse era um momento bastante concorrido, sempre alguém tinha algo para socializar.

Agora, com esta turma, procurei já desde o início organizar bons momentos de leitura, seja a do jornal, dos próprios bilhetes que recebem, dos cartazes que são fixados na escola, de materiais que aparecem na sala, como cartazes de outras turmas e a leitura livre. Um bom trabalho de alfabetização e letramento precisa contemplar tais competências de compreensão e domínio da linguagemn que a leitura proporciona. Nesse sentido o texto de Bregunci (2006, p32) no Caderno de Práticas de Leitura e Escrita organizado pela Secretaria de Educação à Distância do MEC nos chama a atenção para a importância de organização de uma rotina escolar adequada, e não trata-se aqui de escolarizar a escrita e a leitura e sim de trazer a importância social destas para a sala de aula.



" O estabelecimento de rotinas diárias e semanais, capazes de oferecer ao professor um princípio organizador de seu trabalho, desde que atenda a dois critérios essenciais: a variedade e a sistematização. Uma rotina necessita, em primeiro lugar, propiciar diversificação de experiências e ampliação de contextos de aplicação. "




Trago esse trecho para aliar a questão da leitura como citada e de incorporar novas práticas, novas rotinas dentro de uma sistematização diária esendo para isso necessário estabelecer essas rotinas, analisar suas práticas para que sejam analisadas e avaliadas. as atividades estão de fato de acordo com meu objetivo principal? Dentro do meu plano há espaço para as diversas competências que estabeleci desenvolver?



Referências:

BREGUNCI. Maria das Graças de Castro. organizando as classes de alfabetização: processos e métodos. IN: MEC, SEAD. Práticas de Leitura e Escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Ainda refletindo sobre LER e ESCREVER...

As semanas vão passando e nesta semana minha maior preocupação foi com a apresentação dos resultados das aprendizagens neste período. Por estarmos na reta final de um trimestre, faltando pouco para deixar a turma, pois já me decidi pela coordenação do projeto, por uma série de implicações, aquela questão de comprometimento com a escola. Enfim, olho desde o início de março e procuro rever os caminhos, as tentativas, os acertos, mas principalmente os resultados práticos da evolução da turma como um todo e de alguns casos bem específicos.

No início do ano é normal fazermos uma espécie de sondagem, ver em que níveis se encontram, o que mais precisam, o que mais gostam e iniciamos então um trabalho de adaptação. Posso afirmar que os alunos refletem muito do estilo de seus professores e percebo muitas manias minhas já sendo incorporadas em seus hábitos, sinto certo orgulho por isso.

Às vezes saímos da sala exaustas, com a sensação que conseguiram sugar nossas últimas energias, tamanho a ansiedade que muitas vezes trazem, querem muito falar, dividir experiências, serem atendidos, participarem, querem ajudar e serem ajudados e nós ali, mediando tudo isso.

Esse espaço de relações, o vínculo, o hábito saudável na rotina também merecem ser analisados e avaliados, dentro disso. Iniciei meus apontamentos já, para o conselho de classe, pensando no que a turma como um todo cresceu. São disciplinados, no sentido de que seguem e cobram a rotina que criamos, as filas, a descrição da pauta do dia, o calendário, a oração, o trabalho em dupla, em grupo ou individual, a espera de ir ao banheiro ou tomar água só quando retorna o colega, para não estarem muitos ao mesmo tempo na rua, a organização da sala, o cuidado com a separação do lixo, os relatos para os colegas, a organização das atividades, o uso do caderno, a opção da letra, a leitura, as correções, o “pronto socorro” de palavras, e muitas outras combinações sugeridas por mim, por eles ou adaptadas.

A valorização da escrita e da leitura é algo também que salta aos olhos, sabem que escrevem com sentido, não existe a cópia por si só. Nunca copiamos por copiar e isso pra eles é básico. Quando dou um recado como um lembrete de alguma tarefa, não obrigo a copiar, mostro que tenho meus apontamentos, que uso agenda, anoto no meu caderno de chamada e quando é alguma coisa muito urgente até na mão anoto. Já viram isso e imitam. Escrevem naturalmente e vão percebendo que o modo como escrevemos depende do tipo de escrita. Quando escrevemos para alguém necessita que sejamos claros, pois o leitor precisa de dados para compreender, já para lembrar-me pode ser códigos, resumos escritas bem particulares.

Neste contexto de trabalho há crianças que evoluíram muito, porém há outros que não estão completamente alfabetizados apesar do ciclo de dois anos de alfabetização pelo qual passaram. Percebo que a muitos não foram oferecidas escritas e leituras contextualizadas, fixando-se muito em palavras. Aí em uma atividade de cruzadinha, ditado de palavras, escrita espontânea de palavras tem uma boa estrutura, já quando se pede que expressem seu pensamento escrevendo as palavras somem, perdem letras, ganham outras, juntam-se e separam-se incorretamente. A estes o trabalho se volta mais para a prática de uma escrita com sentido, a leitura como um recurso que possibilite a análise de sua própria escrita e a reescrita quando necessário. E principalmente que sintam-se encorajados a não desistir, a perceber que dentro de um contexto significativo a idéia do que escrevem é muito mais importante que possíveis rocas de letras, e que estas serão incorporadas á medida que se lê e que se escreve.

Se reduzirmos a construção da escrita à formação de palavras, analisando-as letra a letra focamos na incorporação do código e não na escrita como função social como afirma Ferreiro (1992, p.72,73) “Reduzir a língua escrita a um código de transcrição de sons e formas visuais reduz sua aprendizagem a aprendizagem de um código.” E “[...] Introduzir a língua escrita quer dizer, ao menos o seguinte: poder interagir com a língua escrita para copiar formas, para saber o que diz, para julgar, para descobrir, para inventar.”

E com as palavras de Moll (1997, p.188) “A língua escrita é um sistema de representações histórico-culturais e, como tal, só tem sentido como aprendizagem se for revestida desse caráter.”

Desafiar esse aluno, resgatar esse caminho, que talvez na primeira vez em que foi trilhado, acabou se perdendo, está sendo meu objetivo dentro da proposta de ler e escrever o mundo e para o mundo. Freire (1987, p.22), nos mostra essa lição: “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra escrita e a leitura desta implica na continuidade da leitura daquele.”

Ler e escrever de fato os fatos vividos, as reflexões feitas, como forma de registro, para fins de memória, de informação, de expressão, de entretenimento, tem sido nosso fazer diário.

Dentro do meu plano semanal não contemplei a avaliação que pensei em realizar com os alunos, resolvi organizá-la de forma que se torne mais reflexiva que seja possível a partir dela identificar as percepções dos alunos em relação ao que aprenderam, à importância do processo de troca e socialização, dos métodos utilizados, assim como do objeto do saber em foco que é o escrever e ler.


Referências:


FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo. Cortez. 1992.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo. Cortez, 1987.

MOLL, Jaqueline. Alfabetização Possível. Porto Alegre. Mediação. 1997.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Leitura e escrita além do processo de escolarização

Mais uma vez voltei a rever meu plano, analisar os fundamentos que baseiam a minha prática em sala de aula, independente de estar em estágio ou não. Essa é uma volta necessária e constante, procuro ter momentos sistemáticos de retorno, folhear meus planos de aula de início de ano e até de anos anteriores (aí a importância do registro) não para meras comparações vazias e sim para avaliar minhas ações.

Minhas ações planejadas estão atingindo meus objetivos de proporcionar aos alunos situações reais de leitura e escrita, na forma de um trabalho de letramento que contemple a necessidade da comunicação escrita. Foi aí que vi que extrapolamos as expectativas, pelo menos de exercício desta comunicação, quando ao surgir outras oportunidades reais, para solucionar problemas nossos nos utilizamos desta ferramenta de forma significativa e principalmente natural. Seja na forma de recados carinhosos às mães, pesquisa e registro de receitas para constar no caderninho de receitas presente, cartazes pela escola alertando para a separação do lixo, cópia da música para ensaio ( ao ensaiarmos a primeira vez sem a escrita da música, foram unânimes em dizer que era importante tê-la escrita para decorarem melhor), na redação de um bilhete alertando os pais para a infestação de piolhos que havia sido objeto de reclamação de uma mãe, que ao enviar um bilhete repassei o conteúdo aos alunos e juntos realizamos a escrita para ser enviado às casas. Isso reforça os objetivos que encontramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa:



“[...] utilizar a linguagem na escrita e produção de textos orais e na leitura e produção de textos escritos de modo a atender a múltiplas demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos e expressivos e considerar as diferentes condições de produção do discurso.” (PCN, p.32)



Também a possibilidade de entrevista conferiu um grau a mais em meus objetivos, pois quando surgiu a entrevista como um tipo de texto presente no portador jornal, que era inicialmente minha maior ferramenta, pensava mais sob a forma de exercício escrito. Ao trabalharmos com a primeira entrevista criada para um sujeito indeterminado, depois perguntas específicas para profissionais da escola e por último a entrevista com a mãe, foi possível ver tudo que estes trabalhos proporcionaram em termos de comunicação oral e escrita, interação com o outro e a própria experiência de aprender com os relatos colhidos.

Vemos que o trabalho com variedade de textos informativos, literários, de instrução, de propaganda e outros conferem muito mais que uma estratégia de leitura e escrita com fim em si mesmo, mas sim uma forma crítica de ler o entorno e poder utilizar-se da escrita para escrever suas interpretações, de conteúdo social, político, e também afetivo (visto a quantidade de cartinhas que recebemos e muitas vezes não valorizamos como um passo importante de significação para escrita).



“Portanto, quando se fala de tomar gêneros, e não meramente os textos ou os tipos de texto, como objeto de ensino, fala-se de constituir um sujeito capaz de atividades de linguagem, as quais envolvem tanto capacidades lingüísticas ou lingüísticas discursivas, como capacidades propriamente discursivas, relacionadas à apreciação valorativa da situação comunicativa ou contexto, como também, capacidades de ação em contexto. Fala-se de um outro modo de se produzir e de se compreender/ler textos em sala de aula.” (Rojo, 2006)



Esta fala de Rojo presente na coletânea de textos reunidos pelo MEC que tratam sobre as práticas de leitura e escrita vem reforçar minha ação em sala de aula. Confirmando a importância não só da estrutura dos gêneros trabalhados o enfoque passado por cada um destes meios de construção de conhecimentos como para além do processo de escolarização.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Avaliando

Esta foi uma semana que por ter muitas coisas para dar conta a sensação é de que o tempo foi bastante curto. Ao mesmo tempo em que precisávamos realizar os trabalhos alusivos ao dia das mães (algo que nem sempre enfoco tanto, mas que nessa turma teve uma enorme aceitação e envolvimento o que me fez dar mais espaço a essa comemoração) precisava seguir com meus objetivos iniciais que são os gêneros textuais, a questão da importância do ler e escrever, havia já pensado em logo iniciar os questionamentos com a turma sobre a importância desse processo e mais ainda instrumentos de avaliação para serem aplicados. E é óbvio que esses instrumentos interferem no processo, no sentido que retomo logo o que observo não ter ficado claro e isso afeta todo o plano semanal.

A avaliação tem sido uma reflexão diária e “noturna” passo muito tempo entre correções e planejamentos de intervenções para avaliar verdadeiramente não o aluno, como um produto final, e sim o caminho percorrido e minha postura como facilitadora dessa aprendizagem. Procuro manter um olhar atento durante a correção, analisando a resposta como um todo, vendo a hipótese que foi construída. Mas não é fácil, é bem angustiante ler, muitas vezes compreender qual foi o caminho que ele tomou mesmo tendo o resultado final incorreto e durante a aula voltar ao ponto, intervir de uma outra forma, mas continuar vendo uma certa dúvida, ainda não a certeza daquela apropriação.

Muitas vezes quando questionado, o aluno logo responde que já entendeu, pois parece incômodo ficar muito tempo numa situação de não compreender, de precisar de auxílio. Fico criando uma série de artifícios para que se motive, que o erro não tire o ânimo de seguir adiante.

Hoje mesmo iniciei uma conversa sobre nossas aprendizagens, sobre tudo que eles já conseguiram, que tudo foi um processo, que ninguém acordou num belo dia e saiu falando, ou andando, dos tombos do andar de bicicleta, e assim fui dizendo o quanto é bom depois olharmos pra trás e ver que teve esses tombos que valoriza nossa conquista. Percebi que entenderam meu recado, ficaram com rostinhos mais aliviados mesmo após alguns terem recebido avaliações que praticamente não conseguiram atingir o objetivo. Expliquei que a avaliação serve para eu ver o que já entenderam bem e o que teremos que trabalhar um pouco mais. Afirmei que todos vão aprender, que há tempos diferentes, que alguns aprendem mais rápido determinadas coisas, enquanto outros tem mais facilidade em outras.

Voltei a alguns textos que li recentemente, um deles ratificou as idéias que me acompanharam durante esta semana.



A avaliação não deve ser uma sanção externa do professor ou da sociedade em relação ao aluno. Para que a avaliação seja formativa e realmente eduque o aluno, deve conduzir a uma consciência clara de si mesmo perante a aprendizagem. É necessário que o aluno - com a ajuda do professor ao avaliá-lo- identifique suas próprias dificuldades e seus recursos. [...] A imagem de si mesmo, no papel de aluno, é determinante do êxito e do fracasso em tarefas escolares, já que fundamenta a motivação intrínseca e o sentido de esforço, imprescindíveis para aprender. Curto (2000. p. 215)



Penso que notas cumprem um papel motivador para os alunos que atingem os números altos e que vez ou outra não conseguem uma média razoável, aos alunos em processo são extremamente prejudiciais, é muito sofrido receber sempre as últimas colocações. Porém encontro-me num sistema que trabalha dessa forma, e devo encontrar um ponto de equilíbrio entre essa prática que por enquanto me é exigida de uma maneira menos prejudicial, mais justa, ou seja, menos sofrida para os envolvidos. E claro levantar essas questões para se pensar coletivamente em outras alternativas, em se propor a um outro olhar, a um outro tipo de registro.

Considero que tudo na vida, e isso se refere ao profissional também, é uma questão de espaço e tempo, que de acordo com alguns caminhos trilhados a experiência se torna diferente, os ponto de vista também. Digo isso, pois já trabalho nessa escola há alguns anos e acompanhei essa migração de parecer à nota, confesso que mesmo votando por parecer descritivo para compor nosso regimento, fui pouco convicta, não sustentei minha opinião em relatos práticos e teorias consistentes. Faltou-me talvez coragem e conhecimento para expor de fato o que acredito ser mais coerente. Também pesou o fato de que o ciclo de alfabetização (1º e 2º ano) trabalham com parecer, e eu por muito tempo trabalhei com estas turmas, assim não me apropriei tanto do problema. Precisei estar esse ano, nesse espaço como professora /estagiária com uma turma de 3º ano para incomodar-me tanto. Já dividi essa inquietação com a supervisão da escola, que por estar chegando agora à escola, isentou-se um pouco, mas além de concordar comigo, comprometeu-se em abordar em nossas reuniões pedagógicas esse ponto e aí é que terei de posicionar-me ao que considero uma postura mais democrática, menos classificatória.

Nas próximas semanas continuarei a aplicação de trabalhos, as leituras, as intervenções individuais, meus apontamentos quanto às observações que faço, pois considero-os imprescindíveis para conhecer o que compreende o processo que está sendo construído por cada um de meus alunos, paralelo a isso somando pontos, atribuindo pesos da melhor maneira possível.



Referências:

CURTO. Lluís Maruny, MORILLO. Maribel Ministral, Teixidó. Manuel Miralles. Como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. Porto Alegre. Artmed. 2000

terça-feira, 27 de abril de 2010

Espaço e relações na aprendizagem

Nesta semana ao refletir sobre a execução de meu planejamento, os pontos positivos e os aspectos que merecem um olhar mais contemplador para a próxima semana, me vi diante de um tema que li na mesma semana no livro Alfabetização Possível de Jaqueline Moll. O capítulo falava sobre o reinventar o ensinar e aprender para uma alfabetização possível. Isso veio de encontro com a necessidade que percebo de uma espécie de vibração pelo aprender, dentro de um espaço reinventado/resignificado. Como nos coloca Moll (2001 p. 145,147) “ [...] um professor que promove relações solidárias, que propõe atividades consistentes de aprendizagem e que, ao mesmo tempo, é apoio e cooperação no processo de aprender.” “A vibração é coletiva diante dos avanços individuais e a felicidade produzida pelo conseguir aprender é compartilhada.Há forte investimento pedagógico na tentativa de resgatar o desejo de aprender [...]”
Observo a necessidade e até certa dificuldade de criar um ambiente, um clima propício á aprendizagem, no sentido dessa segurança, dessa vibração coletiva, que encoraja, que motiva o desafio. Não é fácil, há sujeitos dos mais variados envolvidos nessa relação, que muitas vezes vai de encontro ao que sabemos ser o ideal. E é nesse jogo de relações, de mediação de construções que o professor precisa administrar da melhor forma ambiente/relações/desafios focando nas aprendizagens que podem ser construídas. Vejo que educar com afeto como diria Chalita (2003) sendo um professor maestro que lida com os alunos como quem equilibra instrumentos, com sensibilidade na arte de ser emocional, ser racional com uma visão social de mundo, de cidadania, é o segredo para uma sala de aula adequada ao aprender e ao ensinar. Nós somos os “técnicos” do processo, cabe ao adulto mediador intermediar essas construções que transcendem o conhecimento científico se baseando em valores éticos, morais. A responsabilidade pelo aprender deve ser de todos e para isso os alunos devem se apropriar dessa tarefa, reconhecerem-se fundamentais pelo seu aprendizado e pelo dos colegas. Sei que parece bastante utópico, mas temos que iniciar essa visão, para que nossos espaços escolares não se tornem um caos irreversível, onde “apesar de tudo” se aprende.

CHALITA, Gabriel. Pedagogia do amor. São Paulo. Editora Gente. 2003.
MOOL. Jaqueline. Alfabetização Possível. Porto Alegre. Editora mediação. 2001

O ato de refletir

A prática docente nos leva a reflexões constantes, quando essa prática também faz parte de um estágio supervisionado onde as reflexões são registradas, compartilhadas, isso se torna mais efetivo. Fiquei pensando então, quantas coisas nestes 15 anos que leciono poderia ter registrado e refletido mais. São coisas que a experiência e maturidade nos trazem. O curso, sem dúvida, desde o início foi pautado na nossa prática e em torno dela que fizéssemos observações que desencadeassem “repensares” e “refazeres”. Ou seja, novas ações baseadas em novas concepções. Penso que esta caminhada iniciada no Pead, está sim tendo o ápice no estágio docente. Afirmo, que meu fazer diário tem sido, bem mais possível. Possível de analisar, de rever, de recomeçar, de inovar e principalmente de buscar! Espero ser esse caminho possível para meus alunos, estes e outros tantos que terei, aliás, que tenha sido. Um caminho que aponta possibilidades, que desafia construções, que motiva, que acredita, que impulsiona, que verdadeiramente ensina! Meu comprometimento, meu amor pelo que faço, não nasceram com o Pead, mas foi através de caminhos apontados nele que me considero mais profissional, mais pesquisadora, menos descrente, mais entusiasmada e tendo a certeza do tamanho enorme das coisas que preciso saber, das constantes transformações que estamos passando e de nossa responsabilidade como educadores. Os objetivos que traçamos nos fazem saborear cada passo dado, a descrição do realizado é um exercício fundamental de percorrer o caminho e ver como foram dados esses passos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Princípios norteadores para um trabalho de alfabetização continuada

Ao pensar sobre um trabalho voltado para esta turma de 3º ano fiz indagações importantes sobre a metodologia a ser desenvolvida. Sabemos que o ciclo inicial de alfabetização são os dois anos iniciais, embora tenha claro que a continuidade nesse ano é fundamental, não pode-se deixar de lado o caráter lúdico das atividades, o acompanhamento constante do professor como motivador para avanços, a visão do erro como um passo na construção, principalmente quando se fala em escrita alfabética/ortográfica.
O processo de alfabetização dentro de uma perspectiva de inclusão social, exige que pautemos um trabalho direcionado ao letramento, ao ler e escrever com significação. A real utilização dela no cotidiano de cada um, levará a escrita e a reescrita de histórias mais democráticas, mais inclusivas.

As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, através de contextos sociais funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido (como tantos outros objetos da realidade aos quais dedicam seus melhores assuntos intelectuais).
(Ferreiro,1992,p.25)

A princípio precisamos indagar com os alunos o que eles entendem por leitura e escrita, qual a função que identificam e o que de fato isso se estabelece em sua vivência. A partir daí ampliar sua visão, apresentar possibilidades, abrir um leque de opções onde o ler e o escrever cumprem um papel fundamental na construção da cidadania. Ler para conhecer, ler para se informar, ler para se divertir, ler para pensar, ler para escrever e reescrever.

Criar na sala de aula um ambiente onde a troca e conhecimento sejam compartilhados, onde as leituras e as escritas sejam variadas, dentro de uma proposta baseada na abordagem construtivista - interacionista, como nos traz Azevedo (1994,p.43) “que permite transformar a tarefa da aprendizagem em um desafio intelectual sempre significativo e emocionante, e o clima da sala de aula em um espaço de encontro de competências diversas [...].”

Fazer deste ambiente um local onde o prazer esteja aliado ao aprender, não esquecendo que são crianças em fase de desenvolvimento, onde o jogo exerce função fundamental na construção de hipóteses, na compreensão de regras e estratégias. Assim como o lúdico, aqui em destaque por Fortuna (2000 apud Xavier, 2000. p.138-139)

Uma aula ludicamente inspirada não é, necessariamente, aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do brincar estão presentes influindo no modo de ensinar do professor, na seleção dos conteúdos, no papel do aluno. Nesta sala de aula [...] o professor renuncia a centralização.


Pensando no brincar como um importante meio de descoberta, de aprender sobre o mundo, de criar autonomia e exercitar a criatividade, as aulas contemplarão em sua rotina momentos de brincadeira. Seja esta brincadeira um jogo coletivo, um faz-de-conta, momentos com brinquedo, de livre escolha, sob o olhar observador da professora, pois este é um momento rico de análise da turma como um todo e suas particularidades.

Referências

AZEVEDO, Maria Amélia. MARQUES, Maria Lúcia. (orgs.) Alfabetização Hoje. São Paulo, Cortez, 1994.

FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo, Cortez, 1992.

TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever- Perspectivas psicológicas e implicações educacionais. São Paulo, Ática, 2002

XAVIER, Maria Luísa M. DALLA ZEN, Maria Isabel. (orgs.) Planejamento em destaque- Análises menos convencionais. Porto Alegre, Mediação, 2003.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ensino fundamental de nove anos

Essa é apenas uma reflexão inicial de um assunto que procurarei me aprofundar mais.
Desde que a Lei nº 11.274 de 06/02/2006 foi sancionada pelo presidente Lula, muitas indagações iniciaram em nossas escolas, sem falar na sociedade como um todo. E até hoje ainda há muita falta de esclarecimentos no meio educacional. Afinal de contas qual é a nona série? Essa é uma das perguntas que já ouvi várias vezes de pais, colegas e alunos.
A lei veio para oportunizar a entrada de todos aos seis anos de idade, aumentando o tempo de permanência na escola e iniciando mais cedo o processo de alfabetização, assim como possibilitando um tempo mais amplo para a alfabetização, que passou a ser um ciclo de dois anos, não apenas um. Alguns acreditavam que era possível e obrigatório que em um ano as crianças saíssem leitoras e escritoras alfabéticas, ou melhor, ortográficas.
Para quem como eu lecionou para 1ª série com alunos de 7 anos e se afligiu com o ano letivo de 200 dias para dar conta do processo inicial de alfabetização foi um ganho de tempo considerável. Muitas vezes tínhamos a sensação de que faltava muito pouco, que apenas mais algumas semanas aquele aluno estaria pronto, avançando de nível, enfim, lendo e escrevendo. No entanto o peso da aprovação para uma 2ª série, onde a cobrança seria muita nos deixava numa verdadeira encruzilhada. E ainda pesava o fato de sabermos que muitas crianças sairiam de férias e não teriam nenhuma espécie de apoio em casa para ir evoluindo em sua construção. A idéia de um tempo mais flexível e democrático soou muito bem, porém com isso vieram falsas idéias. Para muitos professores e pais a entrada aos seis anos neste 1º ano, era uma obrigatoriedade para o “antigo prézinho”. Sim, ouvi várias vezes que este seria um ano de preparação, e acho que muitos ainda pensam e o fazem assim. Sabe aquele período preparatório com exercícios de coordenação motora, pintar nos limites, trabalhar conceitos de longe, grande, dentro, etc? Esse mesmo! Não que isso não faça parte do período de alfabetização (uma parte).
Em 2008 foi a inauguração do 1º ano em uma das escolas que trabalho e logo me lancei ao desafio, pedindo esta turma. Era uma turma de 25 alunos, com seis anos, uns com quase sete, em uma sala que apesar das dificuldades (era um container destes de lata) estava planejada para comportar as mesas dispostas em grupos, com espaço para material de apoio. Foi uma experiência muito gratificante, não os via precisando de nada de preparatório para começarmos a alfabetização, o que iniciamos logo foi nos interarmos do mundo letrado que nos rodeava. O nome de cada um, passeio pelas ruas em busca de “pistas” deste tal mundo letrado, a magia da literatura, nossos recados, jogos, relatórios e outros escritos. A ansiedade por lerem e escreverem era imensa da parte deles e dos pais (e minha também). Leituras, capacitações, reflexões reforçavam a ideia de que era preciso uma proposta lúdica. E esse lúdico era a liberdade que eu buscava em tempos de 1ª série, onde havia a sensação de que uma tarde no pátio poderia estar sendo “perdida”, o tempo era um monstro, parecia que todos os minutos deveriam ser aproveitados para ler, jogar lendo, jogar escrevendo, cantar lendo, cantar escrevendo, ler brincando, ler escrevendo. Mas sempre, sempre ler e escrever.
O tempo oferecido me fez perceber ao final daquele ano, sem nenhum desespero, que o processo estava acontecendo de forma natural, havia muitos alunos alfabéticos, muitos outros no caminho do quase. A leitura e a escrita foi oferecida de forma natural, indagando com aqueles pequenos o que de fato entendiam por escrever, ler, o porquê daquela forma de registro, qual a importância desse código na vida de cada um. Puderam conhecer e exercitar funções que antes não apresentava para minhas turmas. E isso o curso (Pead UFRGS) e também o de Letramento oferecido através de uma parceria MEC e prefeituras foi fundamental para que me autorizasse a compartilhar com meus alunos textos dos mais variados possíveis. Terminaram aquele ano cientes do que estavam fazendo ali, compartilhando saberes, construindo conhecimento para o hoje e para o amanhã de cada um deles. Durante aquele ano, fui acompanhada por outra colega de turma que me oportunizou a troca de saberes, com quem aprendi muito. E agora em 2010 posso dizer que vou colher alguns frutos daquele ano, pois minha prática de estágio será desenvolvida com uma turma de 3º ano a grande maioria vinda daquela minha turma ou da de minha colega. Sei que tiveram alguns problemas em 2009 como troca constante de professor, o que talvez desestabilizou a continuidade do trabalho. Mas nas primeiras interações com eles ficou já notória a diferença de um 3º ano para uma antiga 2ª série. Vejo que alguns colegas não conseguiram se desprender de seus antigos planos das séries e só trocaram para anos, não adaptando o currículo, deixando dúvidas para os alunos e os pais em qual série (ano) realmente se encontram, teimando em relacionar á antiga tal série. Aboli isso do meu vocabulário, quando me perguntam respondo em ano e não associo a série, explico que dentro desta nova legislação o ensino fundamental todo está sendo readequado, que cada ano abrirá o seu currículo, que não será lá no nono ano que haverá um aumento de conteúdos.
Como disse essa é uma reflexão inicial, que está me motivando a ir além, pensar nessa nova estrutura com relação a todos os anos, reavaliar nossa “base de conteúdos” que ainda é uma prisão nas escolas.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Planejamento

Todo ano nos é pedido que apresentemos um plano de trabalho para a turma em que iremos atuar. Temos o mês de março para fazermos uma espécie de conhecimento do território, mapeando nosso ambiente, conhecendo a turma como um todo, sondando os níveis em que se encontram e ir assim projetando ações diretas para atingir os objetivos daquela série (ano). Para isso, conhecer o plano anterior também é um recurso válido. Penso que esse momento inicial é fundamental para criar uma linha de atuação, com metas específicas. Esse momento de planejamento é reflexivo e desafiador, tempo de pensar e repensar o que temos, o que queremos, e como fazermos. Há os que são contra, pois acreditam que é só uma tarefa burocrática e entediante. Há aqueles que vêem no planejamento um campo de possibilidades, um plano de ação com estratégias, técnicas apontadas para uma direção. E também os “mega sonhadores” que apontam objetivos de conscientização e mudanças infelizmente abrangentes demais dentro da nossa prática escolar.
Acredito que o ponto fundamental do por que planejar vem atrelado às nossas concepções de como encaramos as relações e o conhecimento em sala de aula. Primeiramente o professor deve querer, estar disposto a ter uma postura de mediação.

Para resgatar o lugar do planejamento na prática escolar, há um elemento fulcral que é o professor se colocar como sujeito do processo educativo. Quem age por condicionamento, não carece de planejamento, pois alguém já planejou por ele; seres alienados ‘não precisam’ planejar! (VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento- Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico, 2008, p. 39)



No plano que nos pedem consta uma descrição da turma feita sob observação inicial, são lançados ali alguns objetivos fundamentais, os conteúdos que serão desenvolvidos, uma apresentação da metodologia utilizada pelo professor, algum referencial que norteie sua prática, os recursos que serão necessários, tipos de avaliação. Um plano “normal”. Só lamento que este plano não seja uma ferramenta de estudo e acompanhamento diário do educador. Se nele constassem observações à medida que fosse sendo posto em prática, no ano seguinte a elaboração ganharia em validade. Saberíamos o que de fato estamos precisando, os resultados alcançados, as possibilidades realizadas, pautando assim novos e alcançáveis objetivos. Esse plano individualizado do professor deveria estar ligado diretamente ao Projeto Político Pedagógico da escola que também, como sabemos, tem como função apontar caminhos, prever situações educativas, idealizar ações, ou seja organizar a prática escolar de forma reflexiva. Um ponto importante na elaboração e acompanhamento de qualquer plano deve ser a questão do tempo, como fator equilibrador das práticas. Explicando, o tempo deve ser o mais democrático possível permitindo assim ajustes para que se retome atividades quando necessário, afinal de contas, sabemos que os tempos de aprendizagem são distintos nos indivíduos, representando maior ganho sem a exclusão de alunos. Dentro desta rotina escolar devemos pontuar as tarefas diárias, as esporádicas, reservar um tempo e um espaço para que a turma também possa se organizar, propor e executar. O plano, sabemos, deve ser flexível e apresentar possibilidades que o fazer diário em conjunto com os alunos irá validar ou reorganizar. É nele que o professor irá demonstrar como será levado para os alunos os conteúdos, qual será o papel dele e dos alunos na pesquisa, na socialização do conhecimento, como se dará a avaliação.
Precisamos diante de uma lista de conteúdos, muitas vezes sem uma interligação ou contextualização lógica, despertar o interesse e promover a descoberta pelo aluno de conceitos, fórmulas e pensamentos que lhe possibilitem construir bases importantes. Como nos traz Barbosa (apud XAVIER 2000, p. 71) “É preciso repensar, redefinir, discutir - em um confronto público- os objetivos da escola. Conhecer a realidade educativa onde se trabalha é uma necessidade.”
Como vemos elaborar um planejamento é algo bastante complexo e envolve uma série de fatores, alguns destes que independem da nossa vontade. Nessa problemática toda estou construindo meu planejamento deixando aberto aos encaminhamentos que forem surgindo.
Referências:
VASCONCELLOS, Celso dos s. Planejamento- Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. São Paulo, Libertad, 2008.

XAVIER, Maria Luísa M. DALLA ZEN, Maria Isabel. (orgs.) Planejamento em destaque- Análises menos convencionais. Porto Alegre, Mediação, 2003.

sábado, 27 de março de 2010

A escola Odette Freitas






A escola:
A escola em que farei minha prática de estágio me possibilitou desde 2001 inúmeras aprendizagens e motivação até para a retomada de meus estudos. Ingressei na escola no mesmo ano de sua inauguração. A escola vinha para tentar suprir uma necessidade muito grande daquela comunidade, as crianças daquela redondeza estudavam em escolas distantes precisando de transporte escolar. Foi muitas vezes naquele espaço que questões bem problemáticas me fizeram refletir e ir em busca de respostas, possíveis soluções. Ocupei vários espaços, interagi com a comunidade, lecionando lá nos três turnos. A escolha em realizar o estágio nesta instituição tem muito a ver com o significado que esta escola tem para esta comunidade e está relacionado diretamente com este belo poema do mestre Paulo Freire
A ESCOLA

"Escola é...

o lugar onde se faz amigos

não se trata só de prédios, salas, quadros,

programas, horários, conceitos...

Escola é, sobretudo, gente,

gente que trabalha, que estuda,

que se alegra, se conhece, se estima.

O diretor é gente,

O coordenador é gente, o professor é gente,

o aluno é gente,

cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

na medida em que cada um

se comporte como colega, amigo, irmão.

Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.

Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir

que não tem amizade a ninguém

nada de ser como o tijolo que forma a parede,

indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

é também criar laços de amizade,

é criar ambiente de camaradagem,

é conviver, é se ‘amarrar nela’!

Ora , é lógico...

numa escola assim vai ser fácil

estudar, trabalhar, crescer,

fazer amigos, educar-se,

ser feliz."



Apesar da situação difícil aparentemente, formamos com nossa comunidade uma parceria de ajuda e respeito, nossos alunos vêm na escola uma oportunidade, apesar das dificuldades, do apelo do crime, de todas injustiças que presenciamos, temos ótimos alunos. Buscamos a excelência de nosso trabalho através do vínculo com nossos alunos, da motivação para o conhecimento em busca de novas possibilidades, de inclusão social.

quinta-feira, 25 de março de 2010

2010

O ano de 2010 sem dúvida marcará para sempre nossas vidas. Mais do que os outros? Hunn... O certo é que não é qualquer 365 dias que comportam estágio, TCC, preparação para formatura em ano de Copa do Mundo, eleições para presidente, governador... Ah, sem esquecer que temos aqueles compromissos básicos, bem simples de cuidar dos filhos, dar atenção às pessoas queridas (amigos, família) ensinar e aprender junto com nossos queridos alunos e claro, estar sempre prontas para algo mais!! Que bom! Que ótimo! Cá estou eu, depois de férias longas, partilhando com vocês algumas de minhas reflexões.
Este ano me dedicarei um pouco mais a este espaço, em função de ser minha prioridade a conclusão do curso, aquela fase de sugar tudo o que eu posso, não lecionarei a noite! Ano passado foi um sufoco!!!
Minha carga horária está em 40hs, pela manhã sou bibliotecária da escola (novidade!) e à tarde tenho um 3º ano, turma que será desenvolvida minha prática de estágio. trabalhar com os livros socializando com meus leitores tem sido muito gostoso, percebo uma valorização maior dos alunos em relação à leitura do que em meu tempo de estudante de ensino fundamental, creio que hoje a literatura está mais democrática, acessível e nosso sonhado desejo de formar leitores tem dado certo.
MInha turma de 3º ano, tem 31 alunos, sendo 9 meninos e 22 meninas, de 8 e 9 anos, todos novos na série(ano). Crianças extremamente dinâmicas, falantes, participativas, curiosas e carinhosas. estamos tendo um bom vínculo para esta parceria de aprendizagens.
Como a questão dos anos ainda está em uma construção bastante inicial, aos poucos vou percebendo a fase que se encontram e felizmente vejo-os bem letrados, com uma compreensão bem elaborada do papel da escrita, das funções do ler, do compreender e do reescrever. A comunicação escrita tem sido muito valorizada por eles.
Se encontram naquela fase da representação da fala quando escrevem. Estamos então nos encaminhando para o trabalho desta diferenciação, deste exercício do falado e do escrito.
logo estarei postando reflexões e relatos mais consistentes...

"Só desperta a paixão de ensinar quem tem paixão de aprender." Rubem Alves