quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Imagens para refletir





A narrativa infantil




Ao abordar a temática da narrativa, logo nos vem à mente a narrativa escrita, como se essa não precedesse a narrativa oral, aquela espontânea onde a criança relata episódios vivenciados, ouvidos, ou simplesmente imaginados. É desta fala organizada direcionada a alguém que ele formará grande parte de sua habilidade de expressão. A escola por muitas vezes inibe a oralidade do aluno, são poucas as oportunidades dadas para que se utilizem da fala para defenderem pontos de vista, organizem e demonstrem suas construções de aprendizagem. Quando chegam às séries finais muitas vezes são cobrados a apresentarem trabalhos, relatarem pesquisas e demonstram grande dificuldade por não terem experienciado nos anos iniciais.
A construção da escrita passa obrigatoriamente pelo exercício da oralidade, da troca entre os pares, onde será desafiado, ampliando assim sua capacidade de comunicação.
Estas questões levantadas na interdisciplina de Linguagem e Educação me fizeram não só refletir sobre o tema, mas realmente pautar ações que levem em consideração a importância do contar, recontar histórias, expressar sua opinião, relatar um raciocínio, explicar um conceito, falando. É importante que o aluno se aproprie e exercite as diversas funções da linguagem falada no cotidiano, assim como perceberá na escrita. A formalidade de um momento de apresentação, a idéia central a ser passada, o foco de um assunto a ser comunicado, como um recado, por exemplo, levará os alunos a estabelecerem relações importantes para essa construção que lhe renderá bons frutos na sociedade.
Dessa forma estabeleci em meu planejamento momentos diários onde a oralidade é valorizada.
Leitura de jornal diário e apresentação para a turma.
Explicação oral do raciocínio desenvolvido durante um desafio matemático.
Opinião pessoal sobre compreensão textual.
Narração oral de história a partir de cenas.

Métodos de alfabetização



As questões dos métodos de alfabetização percorrem cotidianamente nossa prática docente. Há quatorze anos quando me tornei professora, fui premiada com a missão de alfabetizar. Coisa que o curso de Magistério contemplava em uma única disciplina que pouco ampliou nosso olhar e tão pouco nos instrumentalizava. De posse então de muito querer e com o dever de fazê-los ler e escrever (sim, o dever era meu, pois tomava para mim, todo o sucesso e o insucesso daquela construção, que inocentemente pensava ser totalmente arquitetada por mim) arregacei as mangas e onde quer que falassem que haveria uma formação, lá estava eu. E era nessas conversas nos intervalos de oficinas, seminários e cursos de alfabetização com outros alfabetizadores que a pergunta insistentemente vinha: “Qual é o método que tu usas” ou então “És tradicional ou construtivista”. Como a pergunta era muito comum presenciei que as mais experientes na função respondiam categoricamente ”Um pouco de cada”. Logo passei a incorporar o chavão e me autodenominar tradicional construtivista. Mas de fato em minha prática quais eram os norteadores do meu trabalho Como acreditava que o “milagre” da alfabetização se dava Era com o “estalinho” como sistematizava minha prática
Seguindo os mesmos passos das crianças em fase de alfabetização, iniciei minhas construções fazendo hipóteses, testando, sendo desafiada por meus alunos, colegas, me pondo em conflito. De maneira muito responsável e querendo fazer um trabalho de sucesso, busquei e ainda busco ferramentas que enriqueçam minha prática diária.
Ao planejarmos um trabalho de Linguagem temos que utiliza-la de todas as formas e em variadas situações. Ouvir nossos alunos e fazer intervenções desafiadoras, por vezes conflitantes, é uma das mais importantes e eficazes ações para fazê-los progredirem. O fazer junto, o permitir o erro, sabendo que este é o primeiro estágio do acerto, que tem significado, que é resultado de um processo mental de organização do saber, que servirá de base para toda organização e planejamento de nossas ações didáticas.
Assimilar que o fazer é construir e desconstruir continuamente, organizando informações, acomodando conceitos, confirmando saberes.
Estou certa de que qualquer técnica, método, filosofia de trate das relações de ensino e de aprendizagem devem priorizar a qualidade das relações dos envolvidos seguidas de um planejamento responsável, estruturado e constantemente avaliado. Na pessoa de educadora, referencio Piaget (1984) quando nos diz:
“Mas é evidente que o educador continua indispensável, a título de animador, para criar situações e armar dispositivos iniciais capazes de suscitar problemas úteis à criança, e para organizar, em seguida, contra-exemplos, que levem à reflexão e obriguem ao controle das soluções demasiado apressadas: o que se deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com a transmissão de soluções já prontas.”


domingo, 18 de outubro de 2009

Lendo e assim aprendendo a partir da EJA

Em busca de maior compreensão, reflexão e claro, AÇÃO, estou me apropriando de um material, encontrado na escola. É engraçado, quanta coisa, boa, importante se acumula nas prateleiras das salas de Supervisão Escolar ou mesmo em nossas bibliotecas escolares que desconhecemos. Foi assim com o material que me acrescentou muito em relação ao tema afrodescendente,no semestre passado e está sendo agora com o material sobre EJA, “Trabalhando com a Educação de Jovens e Adultos”, publicado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e diversidade do MEC em 2006. Neste material encontramos apanhados importantes a respeito do público atual desta modalidade, os desafios do processo e da relação professor e aluno, o espaço de convivência e é claro a alma escolar, planejamento e avaliação.
Excertos importantes de autores como Madalena Freire, Ângela Kleiman, Antônio Novoa, Paulo Freire, Sonia Carbonell Álvares, sendo que esta última trata de um assunto diretamente interessante para meu fazer diário. Ela escreve sobre Arte e Estética para Jovens e Adultos: as transformações no olhar do aluno; como trabalho com Artes em turmas de Eja, fiz articulações importantes em minha prática. O limite neste trabalho de apresentar o novo, a cultura como uma manifestação humana de tempos e espaços diferenciados sem esquecer a particularidade daquele aluno, daquele grupo, daquela comunidade. Essa ligação é fundamental para que não se sintam excluídos e permitam-se avançar, conhecer o que está do outro lado. A entrada num museu, por exemplo, a primeira ida, é mais difícil, pois o desconhecido gera um preconceito enorme. Museu= Lugar de coisa velha, distante da minha realidade. Depois que envolvemos esse aluno, e ele começa a conhecer outros lugares, outras linguagens, a auto-estima se eleva, ele se permite novos assuntos, ele abre os olhos para coisas que antes não via. Seguidamente, fico extremamente feliz, quando meus alunos, vêm com recortes de pedacinhos de jornal onde aparece algum consagrado pintor, ou a notícia de alguma exposição. Ora se antes aquilo passaria batido, agora seu olhar na imprensa não busca só a notícia popular da injustiça, da crise, do crime, ele já se abriu para um algo mais.
“[...] a prática educativa é tão interessada em possibilitar o ensino de conteúdos às pessoas quanto em sua compreensão do mundo. Dessa forma são tão importantes para a formação certos conteúdos que o educador lhes deve ensinar, quanto a análise que façam de sua realidade concreta.” Paulo Freire

Podemos dizer que a partir de Paulo Freire, se lançou um olhar mais atento ao processo educativo de jovens e adultos. Há uma maior preocupação em comprometer-se com a realidade, em trabalhar de forma democrática e assim mais eficaz. É claro, que daquele tempo, até agora, novas linguagens foram desenvolvidas, novos saberes estão sendo apresentados, há novos paradigmas, portanto novos desafios!