sexta-feira, 4 de junho de 2010

Reflexões "peadianas"

Esta semana foi bastante curta, e não posso deixar de registrar que a sensação de fim está começando, e esse fim me faz voltar lá no meu plano inicial enquanto estagiária e me fazer questionamentos em cima dos objetivos que me lancei. Meus objetivos enquanto professora realizando uma prática de estágio. Nosso curso diferente de muitos sempre foi focado na prática visto que todas já estávamos atuando com uma formação básica, mas todas com experiência de sala de aula. Então não foi só agora neste eixo que praticamos, reformulamos, resignificamos nossa atuação docente, isso foi um crescente. Hoje estamos registrando todas as nossas ações e procurando evidências “peadianas” talvez seja essa a maior diferença.

Quando escrevi em meu projeto de estágio: “A proposta é de desenvolver um trabalho focado na construção coletiva, na descoberta, no prazer do saber e do ensinar, levando meus alunos a uma construção significativa, em que realmente se sintam motivados a tentar, persistir e superar possíveis obstáculos.”

Vi que não fui utópica, embora a educação necessite de uma boa dose de utopia, que está sendo possível, diria até facilmente possível dividir esse sabor de aprender com meus alunos, e para isso não desenvolvi práticas mirabolantes, nem uso de tecnologias, como o computador pude utilizar-me. E mesmo assim estou conseguindo ampliar o horizonte deles e os meus, mostrar-me surpresa e contente com os seus relatos. E isso prova que material humano e vontade é capaz de mexer com a realidade e ajudar a transformá-la. Muitas vezes caímos em queixas e mais queixas, a de que ganhamos pouco, que trabalhamos muito, que a escola está tendo que ocupar outras funções, que os professores estão tendo carga dobrada, que os alunos estão sem limites, que ... que... queixas, queixas.

Deixamos de ver o quanto podemos num trabalho direcionado ao vamos fazer juntos, vai dar certo, o que de mais importante podemos fazer, apontar alguns caminhos. Durante meu simples projeto de trilhar com eles esse caminho de leitura e escrita, passando a perceber que o mundo letrado é enorme e cheio de possibilidades e quem escreve essas possibilidades são eles mesmos, estão sendo conscientizados e instrumentalizados para ir adiante em suas construções.

Ciente das palavras de Freire (1987 p.79 ) “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." Não sou eu que darei receitas, passarei todas as informações, mostrarei o conhecimento que já foi descoberto, mas estão sendo capacitados a se informarem, a informarem os outros. Está sendo oportunizado mais do que formação a cidadãos, mas como fala Gramsci citado por Xavier (2000 p. 7) quando defende a possibilidade de estarmos formando futuros governantes, capazes de apresentar propostas para modificar a realidade e defendê-las consistentemente.



Referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1987.

XAVIER, Maria Luísa M. DALLA ZEN, Maria Isabel. (orgs.) Planejamento em destaque- Análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2003.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Leitura

Uma das questões que voltei a pensar durante esta semana, é um dos tópicos que anos me passou despercebido. Foi então em trocas com colegas em um dos fóruns proporcionados pelo Pead, que me chamaram a atenção para o fato de que em sala de aula contemplamos muito pouco a leitura. Enquanto a escrita não falta a aula um dia sequer, a leitura muitas vezes é coadjuvante, claro que o ler é um constante, durante a apropriação das tarefas, nos enunciados, mas cito aqui a leitura como um momento propício de acesso às informações, possibilidade de interação diversificada, um espaço para o ler para o outro, a troca, a socilaização, e como diria Freire, realizando uma leitura de mundo, pois esta precede a palavra. Dessa forma, ler imagens, ler situações, ler livros, ler encartes, ler revistas, ler o que o outro escreveu, ler o que eu escrevi para o outro deveria ser rotina diária de qualquer sala de aula.

A partir desta tomada de consciência procurei inicialmente buscar em minha prática situações de leitura e incorporar ainda mais dentro dos meus objetivos. Ao rever minha rotina em sala de aula, identifiquei muitos momentos de leitura dirigida e praticamente nenhum de leitura livre. Era comum entre meus alunos quando acabavam determinada atividade pedirem para desenhar ou jogar, então iniciei a oferta de material para ler, que não se resumia a livrinhos, tinha sempre outros portadores, como o jornal, encartes, revistas, panfletos e outros. Até que destinei períodos de leitura individuais e posteriormente coletivos onde podiam ler algo que fosse significativo e quisessem dividir com a turma. A aceitação foi grande, esse era um momento bastante concorrido, sempre alguém tinha algo para socializar.

Agora, com esta turma, procurei já desde o início organizar bons momentos de leitura, seja a do jornal, dos próprios bilhetes que recebem, dos cartazes que são fixados na escola, de materiais que aparecem na sala, como cartazes de outras turmas e a leitura livre. Um bom trabalho de alfabetização e letramento precisa contemplar tais competências de compreensão e domínio da linguagemn que a leitura proporciona. Nesse sentido o texto de Bregunci (2006, p32) no Caderno de Práticas de Leitura e Escrita organizado pela Secretaria de Educação à Distância do MEC nos chama a atenção para a importância de organização de uma rotina escolar adequada, e não trata-se aqui de escolarizar a escrita e a leitura e sim de trazer a importância social destas para a sala de aula.



" O estabelecimento de rotinas diárias e semanais, capazes de oferecer ao professor um princípio organizador de seu trabalho, desde que atenda a dois critérios essenciais: a variedade e a sistematização. Uma rotina necessita, em primeiro lugar, propiciar diversificação de experiências e ampliação de contextos de aplicação. "




Trago esse trecho para aliar a questão da leitura como citada e de incorporar novas práticas, novas rotinas dentro de uma sistematização diária esendo para isso necessário estabelecer essas rotinas, analisar suas práticas para que sejam analisadas e avaliadas. as atividades estão de fato de acordo com meu objetivo principal? Dentro do meu plano há espaço para as diversas competências que estabeleci desenvolver?



Referências:

BREGUNCI. Maria das Graças de Castro. organizando as classes de alfabetização: processos e métodos. IN: MEC, SEAD. Práticas de Leitura e Escrita. Brasília: Ministério da Educação, 2006.