domingo, 8 de novembro de 2009

A rotina do planejamento


Há bastante tempo ouvi de uma palestrante que a rotina é algo extremamente saudável em nossas salas de aula. Sua fala nos convencia que rotina não é algo enfadonho, e sim uma sistematização importante para dar conta do ensinar e do aprender. Em nossas comunidades muitas crianças sentem falta de uma organização onde possam se sentir seguras. No ano passado ao trabalhar com 1º ano, procurei estabelecer uma rotina para com as crianças, assim como uma rotina “secreta” para meus planejamentos, que pouco a pouco as crianças também foram a percebendo. Na interdisciplina de Linguagem exercitamos uma prática de planejamento muito parecida com que desenvolvi. Diariamente meus alunos chegavam à sala, organizavam-se nos grupos, distribuíamos os crachás, com técnicas diferentes, por sorteio, por grupos, aleatórios, cada um escolhendo um colega, por cor de roupa, e assim por diante. Depois preenchíamos o calendário, com o desenho do dia, o número, depois a chamada, onde se registrava o número de meninos e meninas, quantos grupos seriam formados. Distribuição do material, roda da conversa (às vezes orientada, outras livre, momento para combinações, recados) Iniciávamos então as atividades do dia, sempre após eles terem uma visão de como seria a tarde. Então se sentiam mais seguros, não pediam para fazer outra atividade fora da combinada, não ficavam ansiosos para saber o que iriam fazer, esse era o momento de sugestões que procurava acomodar. Todos os dias, líamos, escreviam, brincávamos, cantávamos ou pelo menos ouvíamos uma música. Quase que diariamente, trabalhávamos com jogos, com algum material de modelagem de sucata, massinha, papel amassado, algum tipo de arte plástica, pracinha, e outras atividades. Tínhamos também hábitos na sala de organização do material, movimentação nos espaços da sala, acomodação, maneiras de expor e guardar os trabalhinhos que deixavam a aula bem tranqüila, apesar da agitação normal de crianças de 6 anos. Houve momentos em que professoras foram me substituir e ficaram surpresas com a maneira como estavam organizados, independentes e cobravam certas rotinas. Passavam exatamente o que era para fazer. Dessa forma, cultivamos hábitos saudáveis, regras de convivência, que uma vez estabelecidas e combinadas certamente diminuirão os problemas de conduzir as atividades. No final de cada aula, havia além de um período livre, um espaço para uma espécie de show de apresentações, onde cada um que se inscrevesse podia narrar uma história, cantar uma música, contar uma piada, apresentar algo que queira para os colegas. O planejamento se dava de uma forma muito colaborativa, onde os alunos começaram a incluir atividades com sugestões, a partir do que já fazíamos, como por exemplo, após uma contação de história sugeriam a dramatização desta, ou inventar uma música. A leitura, a escrita estavam tão presentes que ao final do ano, mesmo sem esta obrigatoriedade muitos já estavam alfabetizados. Ampliar o mundo escrito foi fundamental, aprenderam a escrever seu nome como forma de se identificarem e identificarem seus pertences e produções, logo descobriram que identificar o nome de seus colegas de grupo era muito importante, na medida que havia rodízio dos colegas de grupo, aprendiam novos nomes ampliando cada vez mais as relações de leitura e escrita.
E esse planejamento não é válido somente para alunos pequenos, para os maiores, se não estão acostumados dá um pouco mais de trabalho, mas também dá bons resultados, uma maneira prática é a de sempre socializar com eles o planejamento, as estratégias, os encaminhamentos, incorporando as sugestões dadas por eles, dessa forma se sentem valorizados e motivados.

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