sexta-feira, 10 de abril de 2009

A inclusão de PNEE presentes em meu trabalho como educadora

Sou professora há 13 anos, durante este tempo passei por várias séries, com crianças bem pequenas e até adultos. Aprendi muito com todos eles, e tenho certeza que não sou a mesma. Foram nas salas de aula, muitas de alfabetização, que enfrentei grandes desafios, as dificuldades da educação como um todo, que perpassam os aspectos sócio-econômicos e chegam até nosso trabalho diário. Mas, sem dúvida o que mais inquieta dentro deste espaço e tempo são as dificuldades no processo de aprender. Não foram poucos os casos que me tiraram o sono, por não compreender o que se passava dentro daquelas cabecinhas. Me via, muitas vezes, mais ansiosa e preocupada do que os próprios pais, demorei para encarar com mais naturalidade o fato das famílias aceitarem tão bem o não aprender. Envolvidos na guerra do sustento sobra pouco tempo para a educação de seus filhos. Tantas e tantas vezes senti falta de um laudo, algo bem sistematizado que me explicasse, como uma fórmula matemática o que faltava para que as ligações fossem feitas, para que houvesse significado nas atividades que fazíamos e como num passe de mágica ele pudesse então se alfabetizar. Nunca tive alunos com necessidades especiais visíveis, aquelas que comovem, chamam a atenção ou até apavoram. Também não tinha preconceito, mas sempre pensei que as coisas não acontecem por acaso, e que se recebesse um aluno com um problema mais sério deveria estar preparada, primeiro para não me abalar, não me frustrar, saber lidar com um tempo diferente e segundo para ser útil, não só como ser humano, mas principalmente como professora.

E o ano de 2009 chegou, além de minha turma de 4º ano e um projeto de turno integral, à noite estou trabalhando com Arte para alunos de Eja (Etapas Finais), de 15 a 55 anos. São 4 turmas, bem numerosas por enquanto e bem difíceis, por agregar casos de alunos com uma bagagem grande de frustrações, dificuldades, crimes, drogas e toda espécie de problemas pertinentes à uma área bem carente invadida em um enorme bairro de uma grande cidade. Pois lá, em uma etapa 7 (7ª série), encontrei o meu caso mais notório de inclusão. Um rapaz de 19 anos, sorridente, falante que apresenta deficiência visual. O primeiro dia na escola, com sua chegada foi de adaptação, precisamos acomodar a turma no andar debaixo. As colegas que foram entrando durante a semana, vinham com notícias que se tratava de um rapaz bem interessado, que se expressava bem, trabalha com o braile, e que estava sem enxergar há 3 anos, devido uma doença grave e rara que destruiu seu nervo óptico. Eu fui entrar na turma na sexta feira, após o intervalo, ou seja só restava a ele ser apresentado para a disciplina de Artes. Entrei, me apresentei, expliquei o programa, fizemos combinações, pedi que se apresentassem, tudo de forma natural. Quando iniciei o trabalho do dia, que se tratava de uma atividade abstrata ao som de uma música, para posterior troca com colegas, ele, sentado à minha frente, foi logo explicando: “sou deficiente visual, como vou fazer?”. Mesmo sabendo que enfrentaria essa situação e já tendo pensado que tentaria auxiliá-lo fiquei um pouco desconcertada. Iniciamos um diálogo bem descontraído, onde pude ir contextualizando o que estávamos fazendo, passando por uma conversa ente um pequeno grupo que estava mais próximo a mim e a ele, sem tocar no assunto da necessidade que ele apresentava. A cada aula, conversamos mais um pouco, falo muito com ele sobre Arte, ele demonstra muita curiosidade, tem muita sensibilidade e aos poucos vai contando como é tornar-se portador de uma necessidade especial, bem em meio à adolescência.

Por enquanto, sei muito pouco de como incluí-lo mais nas aulas, já trouxe músicas sugeridas por ele, sempre pergunto sua opinião. Tenho hora agendada com um professor deficiente visual, coordenador de uma associação que ele freqüenta, mas o próprio já me antecipou que não possui material específico que irá me instrumentalizar. O que ele fará é me dar uma noção de como usar a linguagem, que expressões, como conduzir o tema de forma falada. Estou bastante ansiosa para poder ser mais útil, na aprendizagem do E., penso que minhas falas podem contribuir com sua integração, motivação na escola. Por enquanto, é só...

Um comentário:

Fabiane Penteado disse...

Oi Gi,

Olha meu comentário sobre tuas postagens na ultima postagem feita (eu e os outros de 21/04).

Bjão
Fabi