terça-feira, 21 de abril de 2009

O CLUBE DO IMPERADOR

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A indicação do filme foi excelente, pois ele sai do óbvio ao colocar um professor em vários conflitos morais. O que é certo e errado quando se trata de educar? Devemos pensar a curto ou a longo prazo? Muitas de nossas ações com nossos alunos, justificamos que com o passar do tempo, com o amadurecimento irão nos dar razão, que uma negativa hoje, uma frustração pode significar uma grande aprendizagem. No caso do filme, o professor recebe um aluno problema, indisciplinado, desinteressado e um tanto quanto abandonado pelo pai. Ao perceber que o menino não interessa-se pelos estudos mesmo sendo muito capaz, o professor o expõe a uma situação que ele mesmo possa sentir-se inferior por não esforçar-se,desafiado. Esta situação desencadeia uma reação positiva do menino que demonstra ser muito competitivo. A partir daí inicia um processo de melhora que faz o professor acreditar que está dando passos importantes para sua formação, incentivado pelos primeiros resultados o professor toma uma atitude errada, mas justificável e carregada de boas intenções. Aumenta a nota do aluno, classificando-o para uma disputa importante na instituição, em troca faz com que outro aluno saia prejudicado, tirando-lhe o direito conquistado, também com estudo, de ir adiante na competição. É mais ou menos como decidir quem continua vivendo, quem merece mais? O mocinho ou o bandido regenerado? O professor não conseguiu avaliar a prova sem levar em conta o processo como um todo e isso é altamente positivo, no entanto vê-se diante de um conflito,promover o "mau aluno" até então, acarreta na desclassificação do "bom aluno". Nesse caso o professor pensa ser mais valoroso não interromper o processo ascendente do "mau aluno".
Quantas de nós faríamos a mesma coisa, pois os "fins justificam os meios"? No caso do filme o professor irá amargar uma decisão errada pois não foi bem sucedida, o menino não continuou esse processo iniciado pensado pelo professor. Daí o arrependimento. E se o desfecho fosse melhor, se o menino tivesse sido a partir daí um brilhante aluno, um grande homem, estaria justificado a troca das notas? O pecado não seria tão grande?
O filme é duro quando nos coloca na realidade que nem todo final é feliz, e que em muitas vezes nossas apostas não vencem, a escola não consegue sozinha dar conta do caráter de alguém. Há sim toda uma bagagem familiar, social, que educa, que forma, que corrompe.E nós lá... tomando decisões como a desse educador, que por vezes não envolvem um terceiro elemento diretamente. Mas quantas aprovações e reprovações assinadas por nós vieram carregadas destes critérios "justos"? Como avaliamos? O professor apostando no bem, no resgate de um indivíduo, estava certo?
Na minha opinião... Sim! Ele tomou a decisão mais acertada, ele acreditou, deu continuidade a um sonho que estava vendo tomar forma, na maneira como ele concebia a educação, aquele menino estava se encontrando, seu potencial estava sendo descoberto, era uma troca "bondosa". Mesmo sendo importante para o outro menino aquela conquista, naquele momento era necessária.
O filme me fez pensar muito, no certo e no errado, naquela mãe que acaba dando atenção maior a um dos filhos e justifica que é por necessidade, na professora que dedica mais tempo ao aluno mais carente. São tantas escolhas, é tão difícil a tomada de posição, de um lado o coração e do outro muitas vezes a razão. Na nossa profissão, esse olhar observador sensível nos desacomoda, nos dói, mas nos faz cada vez mais humanas. É o preço que pagamos por trabalhar com gente! Que bom!

3 comentários:

Leonardo Porto disse...

Oi Gisele,

o filme lida com dilemas morais, aquilo que trabalhamos no caso do antropólogo francês, só que agora o dilema vai para a sala de aula.
Que ótimo que tenhas gostado do filme.

Fabiane Penteado disse...

Oi Gi,

Olha meu comentário sobre tuas postagens na ultima postagem feita (eu e os outros de 21/04).

Bjão
Fabi

Gláucia Henge disse...

Olá Gisele! Sua reflexão a partir do filme aponta uma questão extremamente importante no cotidiano do professor: onde recai o olhar e onde se concentram os esforços do professor. Em nossa visão de educação, tomamos por princípio moral fazer de nosssos alunos pessoas melhores... mas nem sempre conseguimos... E aí? O que fazer? Como lidar com essa frustação? No filme o professor comenta: "não há um único fracasso nem um sucesso solitário"... Abraços, Gláucia.