terça-feira, 13 de abril de 2010

Princípios norteadores para um trabalho de alfabetização continuada

Ao pensar sobre um trabalho voltado para esta turma de 3º ano fiz indagações importantes sobre a metodologia a ser desenvolvida. Sabemos que o ciclo inicial de alfabetização são os dois anos iniciais, embora tenha claro que a continuidade nesse ano é fundamental, não pode-se deixar de lado o caráter lúdico das atividades, o acompanhamento constante do professor como motivador para avanços, a visão do erro como um passo na construção, principalmente quando se fala em escrita alfabética/ortográfica.
O processo de alfabetização dentro de uma perspectiva de inclusão social, exige que pautemos um trabalho direcionado ao letramento, ao ler e escrever com significação. A real utilização dela no cotidiano de cada um, levará a escrita e a reescrita de histórias mais democráticas, mais inclusivas.

As crianças são facilmente alfabetizáveis desde que descubram, através de contextos sociais funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido (como tantos outros objetos da realidade aos quais dedicam seus melhores assuntos intelectuais).
(Ferreiro,1992,p.25)

A princípio precisamos indagar com os alunos o que eles entendem por leitura e escrita, qual a função que identificam e o que de fato isso se estabelece em sua vivência. A partir daí ampliar sua visão, apresentar possibilidades, abrir um leque de opções onde o ler e o escrever cumprem um papel fundamental na construção da cidadania. Ler para conhecer, ler para se informar, ler para se divertir, ler para pensar, ler para escrever e reescrever.

Criar na sala de aula um ambiente onde a troca e conhecimento sejam compartilhados, onde as leituras e as escritas sejam variadas, dentro de uma proposta baseada na abordagem construtivista - interacionista, como nos traz Azevedo (1994,p.43) “que permite transformar a tarefa da aprendizagem em um desafio intelectual sempre significativo e emocionante, e o clima da sala de aula em um espaço de encontro de competências diversas [...].”

Fazer deste ambiente um local onde o prazer esteja aliado ao aprender, não esquecendo que são crianças em fase de desenvolvimento, onde o jogo exerce função fundamental na construção de hipóteses, na compreensão de regras e estratégias. Assim como o lúdico, aqui em destaque por Fortuna (2000 apud Xavier, 2000. p.138-139)

Uma aula ludicamente inspirada não é, necessariamente, aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que as características do brincar estão presentes influindo no modo de ensinar do professor, na seleção dos conteúdos, no papel do aluno. Nesta sala de aula [...] o professor renuncia a centralização.


Pensando no brincar como um importante meio de descoberta, de aprender sobre o mundo, de criar autonomia e exercitar a criatividade, as aulas contemplarão em sua rotina momentos de brincadeira. Seja esta brincadeira um jogo coletivo, um faz-de-conta, momentos com brinquedo, de livre escolha, sob o olhar observador da professora, pois este é um momento rico de análise da turma como um todo e suas particularidades.

Referências

AZEVEDO, Maria Amélia. MARQUES, Maria Lúcia. (orgs.) Alfabetização Hoje. São Paulo, Cortez, 1994.

FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo, Cortez, 1992.

TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a escrever- Perspectivas psicológicas e implicações educacionais. São Paulo, Ática, 2002

XAVIER, Maria Luísa M. DALLA ZEN, Maria Isabel. (orgs.) Planejamento em destaque- Análises menos convencionais. Porto Alegre, Mediação, 2003.

Um comentário:

Rose tutora EAD disse...

Olá Gisele!
Lendo tua reflexão sobre alfabetização continuada percebo que consegues integrar bem o lúdico com a escrita que é de grande importância para o ensino aprendizagem.Dessa forma consegues despertar o gosto pela leitura e escrita com qualidade.
Muito legal que estás trazendo as evidências e apontando a teoria presente nas tuas aulas.
Abraços, Rose