quinta-feira, 1 de abril de 2010

Planejamento

Todo ano nos é pedido que apresentemos um plano de trabalho para a turma em que iremos atuar. Temos o mês de março para fazermos uma espécie de conhecimento do território, mapeando nosso ambiente, conhecendo a turma como um todo, sondando os níveis em que se encontram e ir assim projetando ações diretas para atingir os objetivos daquela série (ano). Para isso, conhecer o plano anterior também é um recurso válido. Penso que esse momento inicial é fundamental para criar uma linha de atuação, com metas específicas. Esse momento de planejamento é reflexivo e desafiador, tempo de pensar e repensar o que temos, o que queremos, e como fazermos. Há os que são contra, pois acreditam que é só uma tarefa burocrática e entediante. Há aqueles que vêem no planejamento um campo de possibilidades, um plano de ação com estratégias, técnicas apontadas para uma direção. E também os “mega sonhadores” que apontam objetivos de conscientização e mudanças infelizmente abrangentes demais dentro da nossa prática escolar.
Acredito que o ponto fundamental do por que planejar vem atrelado às nossas concepções de como encaramos as relações e o conhecimento em sala de aula. Primeiramente o professor deve querer, estar disposto a ter uma postura de mediação.

Para resgatar o lugar do planejamento na prática escolar, há um elemento fulcral que é o professor se colocar como sujeito do processo educativo. Quem age por condicionamento, não carece de planejamento, pois alguém já planejou por ele; seres alienados ‘não precisam’ planejar! (VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento- Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico, 2008, p. 39)



No plano que nos pedem consta uma descrição da turma feita sob observação inicial, são lançados ali alguns objetivos fundamentais, os conteúdos que serão desenvolvidos, uma apresentação da metodologia utilizada pelo professor, algum referencial que norteie sua prática, os recursos que serão necessários, tipos de avaliação. Um plano “normal”. Só lamento que este plano não seja uma ferramenta de estudo e acompanhamento diário do educador. Se nele constassem observações à medida que fosse sendo posto em prática, no ano seguinte a elaboração ganharia em validade. Saberíamos o que de fato estamos precisando, os resultados alcançados, as possibilidades realizadas, pautando assim novos e alcançáveis objetivos. Esse plano individualizado do professor deveria estar ligado diretamente ao Projeto Político Pedagógico da escola que também, como sabemos, tem como função apontar caminhos, prever situações educativas, idealizar ações, ou seja organizar a prática escolar de forma reflexiva. Um ponto importante na elaboração e acompanhamento de qualquer plano deve ser a questão do tempo, como fator equilibrador das práticas. Explicando, o tempo deve ser o mais democrático possível permitindo assim ajustes para que se retome atividades quando necessário, afinal de contas, sabemos que os tempos de aprendizagem são distintos nos indivíduos, representando maior ganho sem a exclusão de alunos. Dentro desta rotina escolar devemos pontuar as tarefas diárias, as esporádicas, reservar um tempo e um espaço para que a turma também possa se organizar, propor e executar. O plano, sabemos, deve ser flexível e apresentar possibilidades que o fazer diário em conjunto com os alunos irá validar ou reorganizar. É nele que o professor irá demonstrar como será levado para os alunos os conteúdos, qual será o papel dele e dos alunos na pesquisa, na socialização do conhecimento, como se dará a avaliação.
Precisamos diante de uma lista de conteúdos, muitas vezes sem uma interligação ou contextualização lógica, despertar o interesse e promover a descoberta pelo aluno de conceitos, fórmulas e pensamentos que lhe possibilitem construir bases importantes. Como nos traz Barbosa (apud XAVIER 2000, p. 71) “É preciso repensar, redefinir, discutir - em um confronto público- os objetivos da escola. Conhecer a realidade educativa onde se trabalha é uma necessidade.”
Como vemos elaborar um planejamento é algo bastante complexo e envolve uma série de fatores, alguns destes que independem da nossa vontade. Nessa problemática toda estou construindo meu planejamento deixando aberto aos encaminhamentos que forem surgindo.
Referências:
VASCONCELLOS, Celso dos s. Planejamento- Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. São Paulo, Libertad, 2008.

XAVIER, Maria Luísa M. DALLA ZEN, Maria Isabel. (orgs.) Planejamento em destaque- Análises menos convencionais. Porto Alegre, Mediação, 2003.

Um comentário:

Rose tutora EAD disse...

Olá Gisele!
Planejamento é fundamental para que o trabalho saia a contento e com eficiência, esse faz parte da organização do educador para com o educando. Terás momentos maravilhosos e diferentes independente da tua prática docente porque o estágio é um momento único pois, nesse espaço que vais ousar, criar, planejar, organizar, experimentar e refletir sobre a teoria e prática que vens estudando durante o curso.
Tenho certeza que tudo que se faz com motivação e planejamento da certo. Vai em frente!
Abraços, Rose